quinta-feira, 6 de agosto de 2009

sombras em azul-turquesa


Era uma noite fria. De um frio delicado, que machucava igual faca sem fio.
Pôs o disco a tocar. Era sempre a mesma canção.

Chove lá fora e aqui.

Dentro.
Espremeu-se. Experimentou-se. Não queria suportar, queria sentir a fragilidade.

Palavras ou sussurros delas ficavam borbulhando. Pareciam vir de seu estômago. Era tão ardido e cruel. Sentia que a qualquer momento iria expelir, pela boca mesmo, golfadas de uma existência inassimilável.

Abriu a boca o mais que podia.

Silenciou seus escândalos.

Escorriam lágrimas e um sumo amargo. Estremecia e já conseguia respirar aos poucos.
Era com dificuldade que sabia ser.