sábado, 22 de agosto de 2009

Uma quadra



Rua Do Amanhecer com Rua Algodão-Doce.

Maria. Treze anos. Sonhos e malabares coloridos no semáforo. Tem borboletas no estômago, lugar de fome. Ama aquele moço que passa todos os dias segurando uma maleta. Não sabe seu nome, mas ontem ele quase esbarrou nela. Pediu desculpas. Ela se apaixonou.

Rua Algodão-Doce com Rua Rubi.


Mônica. Vitrines. Pequenos prazeres em caixas e latas. Glamour. Acostumou-se tanto com a solidão, que a tomou por companheira. Presentes.



Rua Rubi com Rua Meia-Noite-e-Meia.

Pamella. Casada, dois filhos. Começou assim por vaidade. Sempre maquiada, roupas exuberantes, salto alto. Homens a procuravam. Sentia-se desejada. Agora é o marido que a manda ir pras ruas, diz que essa é sua vocação, que precisa dar comida aos filhos e tem contas a pagar. Olhos fundos por trás da maquiagem.


Rua Meia-Noite-e-Meia com Rua do Amanhecer.

Isa. Flor se despetalando em orvalho. Já teve borboletas no estômago. Desejou e sentiu-se desejada. Alugou um quarto no centro da cidade. É lá seu ateliê. Expõe abstratos dentro de si mesma. O céu em lusco-fusco. Mais um dia. Só.