domingo, 30 de novembro de 2008

Ma vie en rose


O meu quarto é tão cor-de-rosa que me dá náusea.
há dias que não durmo
.
Acendi um incenso. talvez o odor penetrante desbote as máculas que pairam no ar.
sabe o que é.?
.
tenho me sentido.
assim
sem o limite corpóreo.
é. sou
um desenho sem contorno
...
ahh... deixa eu ver... - não gostei, assim!
...
-Por favor!? Ei! Ei!! Você pode... pode, por favor, me completar?
- Ãhnn?
- É! Não.. quero dizer... tô sem contorno, sabe!? Você me completa? Faz um traço fino. pode ser em sépia.
- Putz! desculpa, menina. agora não dá. tô com a mão trêmula. Pra esse trabalho é preciso firmeza nas mãos, senão te machuco...
- Ah... tá... então, tá..., ..., ...!???
...
É isso. não ganhei. não perdi.
talvez
mas, só talvez
eu tenha perdido mais do que tinha
.
mas eram só arestas
.
e dái!? continuo sem contorno!
...
O incenso acabando... e
só porque, também eu - como sacrifício ritualmente queimado
, me esvaio
ninguém precisa saber
que escolhi aroma
de terra com flores esbranquiçadas
pra hoje à noite.