Chegou ao quarto e deitou-se. Assim mesmo, ainda molhada. Sentia a água e o sal escorrer e secar em seu corpo. A cabeça afundada no travesseiro, cabelos oleosos, soltos em madeixas castanhas. Tudo tinha o cheiro de ontem, lençol, travesseiro, pele, ela mesma.
E era bom.
Desejou ter. Como um copo d´agua quando se tem sede, ela desejou. Ali mesmo, ela queria a saliva doce, os olhos descompromissados e as mãos.
Era tão sereno o que sentia, que nem percebeu o vaso de flores amarelas e miúdas que enfeitavam o ar com idiossincrasias incômodas.
Levantou-se. Foi até o espelho e viu.
Viu que, também, girassóis enfeitavam seu rosto. Sorriu. E enquanto sorria, uma lágrima tímida e ingênua lhe escorreu pela face.
Não sabia nada. Mas queria ficar assim. Não saber tinha algo de sedutor. Sentia-se envolvida, e um arrepio desconhecido tocava sua pele, como quem se envolve em seda chinesa e abraça seu próprio corpo.